- Amor, to indo pra uma festa com meus amigos.
- Ah, tudo bem. Pra onde vocês vão?
- Pro Bali Hai.
- Porto Belo ou Piçarras?
- Porto Belo.
- Ah, que pena. Vou com as minhas amigas pro de Piçarras.
- Como assim?
- Então, as meninas tão combinando de fazer um esquenta na casa do Claudinho, ali em Penha, depois vai todo mundo pro Bali Hai.
- Ah, não, né! Não vais pro Bali Hai sozinha. Nem pensar!
- Oras. Por quê?
- Não é ambiente pra mulher que namora ir sozinha. Sei lá.
- Mas tu vais sozinho numa boa?
- Ah, amor. É diferente. Pra homem é diferente.
- ...
- Os caras não respeitam as gurias se o namorado não tiver junto.
- E as gurias respeitam?
- Ah. É diferente. Se o cara ficar sossegado na dele não vem mulher atrás, com vocês é diferente, os caras vão pra cima mesmo.
- Mas e daí? É só dar um fora bem dado e pronto!
- Tenho medo que você goste de alguém.
- Como assim? Eu te amo. Não existe essa possibilidade. Já aconteceu contigo, é?
- Não, não. Nada a ver. Só bebo com os guris e ajudo eles a conversar com as gurias quando precisam de ajuda, mas não rola nada.
- E se uma hora você gostar de uma delas?
- Ah! Sem chance. Eu te amo!
- Então ta tudo tranqüilo. Vamos cada um com seus amigos e depois nos encontramos pro almoço de domingo lá na casa dos meus pais. O que achas?
- Não, não. Você não vai sozinha pro Bali Hai.
- ...
- Espera. Não me deixa falando sozinho.
- Não dá de conversar. Você só pensa em você.
- Pelo contrário. To pensando no nosso relacionamento. Como é que eu vou ficar sossegado lá em Porto Belo sabendo que tais sendo assediada por uma multidão lá em Piçarras?
- Viu. Eu, eu, eu e eu. Em nenhum momento pensasses em nós, só em ti.
- Ta. Então faz o que tu queres. Eu tenho que ir porque os guris já tão me esperando pro esquenta.
- Certo. Nos encontramos amanhã pro almoço?
- Fechado. Te ligo quando acordar.
Os dois se beijam e saem para lados opostos. Ele liga para um amigo:
- Cara. Maravilha! Hoje vou solteiro.
Ela liga para uma amiga.
- To saindo de casa já. Só não sei se vou com vocês depois do esquenta.
domingo, 7 de setembro de 2008
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9 comentários:
textos em diálogos são muito bons. Gostei do final e tbm da hipocrisia do cara, que é a mais pura realidade dos relacionamentos.
Um texto tão real que poderia realmente ter acontecido.
Parabéns!
gosto quando há mudanças, mesmo que pequenas, nos estereótipos. o conto teria sido normal se não mostrasse no final que não tem "mocinho" e "bandido" nessa, os dois são pilantras e tinham razões para ficarem desconfiados. ganhou pontos com isso.
Aqui, ao contrário do texto do Fábio, a revelação do final foi importante pra trama. O peso da história se ancora nessa revelação. E somos todos podres...
Gostei da linha estamos quites...o diálogo possui ritmo. Um componente que aprecio bastante em um texto. Parabéns pela abordagem.
Adorei, o texto retratou de maneira clara a postura da mulher nos relacionamentos amorosos, a maneira como ela reage a opinião do namorado! Já os homens, esses ah!, sem comentários.
Ótimo texto!
Não entendi, se ela avisa as amigas pois encontrará um amante oculto, ou se deu pra trás e resolveu ficar em casa....
Sim, consegui materializar a cena na minha frente, e adivinha quem era a personagem feminina? É, eu.
Sempre assim, ele, depois de acabar com a noite dela, vai pra festa e ela vai pra casa com a cara inchada.
Aproveito pra dizer que ameeei esse blog. Sempre visitarei depois de escrever no meu cantinho de pensamentos e sentimentos, Simples Assim.
Parabéns meesmo!
Acho que ela vai encontrar um amante no final... que pilantragem
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