terça-feira, 16 de setembro de 2008

Momento de fúria

Caminhava sozinho pelo deserto que, alguns milênios depois, receberia a mais brilhante das maravilhas construídas pela humanidade. Já andava há alguns dias e não sabia mais para onde estava indo. Nem imaginava que aquela terra abandonada nos arredores do Rio Nilo se tornaria uma das maiores metrópoles do mundo em pouco mais de oito milênios. Seus mantimentos se tornavam escassos, pois não planejara viajar por tanto tempo.

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Depois de mais algumas rotações da Terra, não lhe sobrava nada além de farinha. Por sorte, não desperdiçara nem uma gota d’água sequer. Até que num desatino, num momento de profunda loucura e desespero, resolveu misturar o que lhe restava. Esmagava aquela massa e batia como se quisesse matar alguém. A raiva possuía seu cérebro, que já não conseguia mais raciocinar nem por um segundo.

E foi assim que nos tornamos reféns dele. Não sobreviveu para ver as Pirâmides de Gizé se erguerem ou a cidade de Cairo chegar a cerca de sete milhões de habitantes, mas a obra de sua fúria ficou pra contar história. Sobreviveu a todo tipo de adversidade. Colocaram sobre ela algumas ervas. Depois veio o queijo, o tomate, a calabresa e até chocolate. Hoje, ele se vangloria por tê-la inventado. Mesmo não recebendo os devidos créditos, sabe que foi o seu momento de loucura - minutos antes da falência total de seus músculos - que proporcionou ao mundo toda a genialidade dos rodízios de pizza e da tele-entrega.

3 comentários:

Marina Melz disse...

quando eu digo que só tem louco nesse Duelo. talvez eu preferisse um final subliminar, mas curti.

Rodrigo Oliveira disse...

isso q dá escrever um texto com fome! ahahahaha

Anônimo disse...

tá, isso foi bizarro.