sábado, 6 de setembro de 2008

O Senhor Orquidófilo

Eis que havia então aquele orquidófilo muito premiado. Sua orquídea campeã sempre vencia os concursos e era o orgulho do senhor orquidófilo. Sempre muito aprumado, gabava-se de sua planta campeã. Criada longe de estufas, na mata, livre como orquídea selvagem. E lá ficava ela, sem supervisão, garbosa, na mata, a orquídea campeã.

Pois então chegou um dia, que o nosso senhor orquidófilo meteu-se novamente na mata, para buscar sua planta premiada para mais um concurso. Foi quando a viu, em meio aos tantos galhos, despetalada. Algum animal havia comida sua tão preciosa flor. Só lhe restara um pedacinho do caule cercado de galhos.

Revoltado, o senhor orquidófilo decidiu-se a nunca mais cometer o mesmo erro. Construiu uma estufa com toda a segurança, ao lado de casa. Nunca mais criaria suas plantas livres. Lá trancafiou suas orquídeas e ficou a vigiá-las dia e noite. Não contente, não queria que ninguém as visse, não fosse nas exposições. Cobriu toda a estufa com lona preta para que sua nova campeã crescesse longe da vista dos curiosos.

Eis que suas orquídeas começaram pois a murchar. Privadas do sol, da brisa e do mundo além da estufa. E o senhor orquidófilo revoltou-se com suas plantas mortas. Decidiu que nunca mais teria outra orquídea. Eis que o senhor orquidófilo deixou de ser o senhor orquidófilo. Abandonou as orquídeas e encheu a estufa de pés de maconha. Hoje quem morre de ciúmes dele é o Bala, seu companheiro de cela.

6 comentários:

Rodrigo Oliveira disse...

talvez nao seja o melhor momento para postar um texto besta, mas ando meio sem tempo e com outros compromissos. pois besta seja,então. E como diria o Félix Cabum!

Anônimo disse...

cara, tu começou muito bem, na boa. tudo com cara de fábula, uma discussão altamente filosófica sobre os relacionamentos interpessoais da humanidade. achei do caralho. mas daí vem a anta e acaba com tudo no último parágrafo! porra! bastava tirar 15 minutos do teu sábado chuvoso pra pensar num final que casasse com o resto do texto? não.. tinha q dar uma Félix e escrever o final apressado, com a primeira coisa q viesse à mente e terminar com o cara virando mulherzinha na prisão.
pô, tinha tudo pra levar essa rodada na boa, se não fosse pelo final.
hahahaha

Medéia (Carlena) disse...

Mesmo com tua falta de tempo eu dei risada...
Parecia tão sério no início.
E o final foi muito engraçado.
Inusitado mas engraçado.

Félix disse...

talvez por "ter dado uma de félix", o final funcionou muito bem para mim. constrastou muito com o tom de fábula inocente do resto do conto e me fez dar uma bela risada.

supreendeu, e isso sempre vale pontos comigo, mesmo quando a supresa não é tão feliz (o que não é o caso do teu conto).

CABUM!!!

ps: eu quase escrevi "stucumblash" naquela vez, mas ninguém entenderia a piada...

Anônimo disse...

félix, eu entenderia, com certeza!
hahauahauahauah

Vivi disse...

Também gostei da mudança de tom do desenvolvimento do texto para o final. O que resultou em uma boa surpresa. Gosto muito do ritmo do texto também.