sábado, 6 de setembro de 2008

O terceiro elemento

- Não, Valdir. Está fora de cogitação.
- Ah, Julinha. Está tudo tão calmo e monótono, que nós ficaríamos bem mais empolgados depois de uma experiência dessas.
- E porque uma mulher?
- Convenhamos que é bem mais aceitável do que dois cuecas, né?
- Mas e se você se apaixonar por ela? Se gostar mais dela do que de mim?
- Meu amor, tesão e amor são coisas diferentes, fica tranqüila que você vai ser sempre meu amorzinho.
- Pois bem. Me dá um tempo pra pensar a respeito.

- Valdir?
- Oi.
- Hoje a noite teremos uma festinha aqui em casa.
- Como assim? Eu tenho futebol e você está cansada de saber disso. Pode ir cancel...
- Eu, você e a Paulinha somos os convidados.

- Já posso ver?
- ...
- Júlia, Paulinha?
- Calma, estamos nos aquecendo, baby. Logo sua mulher tira sua venda.

Risos embriagados mostravam que as duas se divertiam e Valdir podia sentir o calor dos movimentos da mulher e de sua melhor amiga. Ouvia gemidos contidos. Sabia que a amiga de Júlia gostava daquelas experiências.

- Ei, essa brincadeira não tem graça, não.
- Ai, Valdir, não foi você quem insistiu tanto?
- Mas a idéia era todos nos divertirmos, né?
- Mas eu estou me divertindo, e você Júlia?
- Não sei como eu nunca tinha aceito isso antes.

Valdir começou a ficar irritado. Os braços presos e a venda nos olhos, que eram indumentárias da brincadeira, o impediam de dar fim a aquela agonia. Ouvia as gargalhadas da mulher e suas ordens para que a amiga chegasse mais perto do seu prazer. Não lembrava a última vez que tinha reagido daquela forma a ele.

- Cansei. Ou vocês tiram a venda dos meus olhos ou a brincadeira acabou.

Elas não ouviam nada. Estavam em transe e o som alto com as músicas que elas escolheram e que pouco o agradavam pareciam abafar sua voz. Forçou os lenços de tecido que prendiam seus braços. Quando conseguiu rasgar o tecido, imediatamente tirou a venda.

Imóvel, olhou para as amigas que gargalhavam e trocavam olhares maliciosos. Não conseguiu sentir nenhum tipo de excitação com aquela cena. Paula conseguia provocar em Júlia reações que até então só ele tivera conseguido. Desligou o som, encarou a mulher. Saiu do quarto.

Nunca mais arriscariam que uma terceira pessoa entrasse no quarto deles.

6 comentários:

Anônimo disse...

fracão!

Medéia (Carlena) disse...

Eu tava esperando um final surpreendente.
Tipo: as garotas estavam fingindo só prá judiar do cara.
:-)
Mas a idéia foi boa.

Félix disse...

é sempre difícil escrever sobre pensamentos do sexo oposto, hein? dá para perceber que é uma mulher escrevendo do ponto de vista de um homem. o final foi um pouco abrupto...

Rodrigo Oliveira disse...

o félix levantou um ponto interessante... o q seria desse conto se escrito por um homem? E eu curti o fato delas estarem mesmo mandando ver. Tb achei q elas estavam só fingindo. Preferi o seu final. mas nao acho q o cara iria embora...

Vivi disse...

Gostei do texto e dos cortes apresentados na narrativa. Eu acho que Valdir deveria ter dado o troco na Julinha, afinal, até Paulinha já estava lá, né? Aí sim, veríamos se Julinha é tão imune aos arroubos de ciúme quanto quis deixar transparecer...rs

Anônimo disse...

muito bom...