O chapéu, meio de lado, assim, escondia o rosto tímido, que escondia a malandragem. Estendeu a mão e puxou a morena. O samba que tocava nem sei qual era, e não importa também. Tic-tic-tun e quando a música parecia acabar, mais tic-tic-tun. A banda viu por cima do ombro suado da morena a trança de palha e tocou baixinho, miúdo. A mão aberta, bem no meio das costas dela, fazia com que ele parecesse comandar cada um dos seus movimentos. Ela era uma boneca. Uma boneca de pele morena, de pele suada.
Numa mesa de butiquim a batucar, ele compôs morena dourada, gosto de mar. Sonhou o sal que desprendia da pele dela, molhada de suor. Molhada de morenice salgada.
De repente ela chegou. Arrastou a saia pela mesa, esticou a mão. O cabelo molhado, a pele seca. Foi só chegar perto do pescoço e sentir o doce do perfume. Não era a morena do mar, era a morena do cheiro doce. Cruzou as pernas num passo salgado.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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Um comentário:
impressão minha ou a seca passou meio batido? vi mais sede ou sal que seca... perdi alguma coisa? Mas, tirando isso, achei o texto bem escrito. especialmente a construção das imagens.
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