quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Fascínio

Félix B. Rosumek
13/11/07

O café está vazio por conta do horário avançado. Os garçons não agüentam a hora de poder enxotar os últimos clientes e ir para casa. Eu sou um destes clientes, e em pouco tempo uma nova companhia aparece. Ela entra e toma uma mesa para si, para desagrado das garçonetes e alegria dos garçons. Pois não deve ser toda noite que uma mulher daquelas aparece no lugar. O copo de cerveja, que fazia sua jornada rumo à minha boca, pára no ar quando a vejo. Observo-a sentar-se, cruzar as pernas e espiar o cardápio. Seu rosto é maravilhoso, mas meus olhos se pregam em seu decote esplendoroso. Fascinado, não consigo tirar os olhos da pele que se revela por entre a generosa abertura de seu vestido. Os vincos no tecido denunciam que a roupa está estufada pelo seu generoso conteúdo, quase pedindo para pular fora. Perto dos ombros posso ver uma pequena centelha do sutiã preto, fazendo um contraste enlouquecedor com a veste vermelha. E, ah!, aquela bendita curva dos seios que se revela no decote, que fascina qualquer homem em qualquer época ou lugar! Sigo lentamente com o olhar seu delineamento perfeito, quase como se pudesse acariciá-la com os olhos...
De repente, percebo que ela me encara. Com uma expressão contrariada, larga o cardápio e sai do café. Fico sem ação por um segundo, mas logo me levanto também, soltando algumas notas sobre a mesa. Ela caminha apressadamente na rua escura, um pouco à frente. Preciso pedir-lhe desculpas, afinal, não queria deixá-la raivosa. Apenas estava apreciando a sua beleza, sem intenção alguma de envergonhá-la. Chamo-a, mas ela mal olha para trás e acelera o passo. Aumento o ritmo para alcançá-la. Calma, moça, não é nada do que você está pensando. Mas ela começa a correr, e tenho que seguir atrás. Eu apenas quero parar, dizer-lhe o quanto ela é bela e pedir perdão pela minha indiscrição, explicar-lhe que não sou um pervertido qualquer. Mas ela foge e, quando a alcanço, ela começa a gritar. Meu Deus, moça, acalme-se! Por que ela reage deste modo? Apenas quero lhe falar uma coisa! Ela se debate e tenho que puxá-la para um canto, antes que alguém apareça e entenda a situação de um modo errado...
Dos dois que entram naquela ruela lateral, apenas um sai. Estou exausto, contrariado e triste. Por que diabos ela teve que dificultar tudo, e fazer as coisas chegarem àquele ponto? Tudo porque achei-a belíssima, fiquei fascinado pelos seus dotes. E, afinal, se ela usava aquele fascinante decote, era por que queria chamar a atenção, não? Raios, não consigo entender as mulheres. Agora tenho que voltar a pé para casa, para que ninguém desconfie da minha roupa rasgada e meu rosto ferido, cruzar com alguém que não consiga compreender a minha situação. Talvez eu pudesse pegar um ônibus naquele ponto... Não, melhor não arriscar. Mas veja... Tem alguém ali, esperando. Meu Deus, que criatura magnífica! O que faz na rua sozinha, tão tarde? E veja a saia que ela usa! Não consigo mais tirar os olhos das linhas perfeitas de suas pernas, meus olhos vão subindo junto com minha imaginação, até chegar na linha reta da saia, aquele limite para a visão que enlouquece qualquer homem, em qualquer época ou lugar...

4 comentários:

Rodrigo Oliveira disse...

Pegou embalo no segundo parágrafo e mandou ver. Curti! Joínha pra vc.

Fábio Ricardo disse...

Animal! Me diz uma coisa, Félix, que andas fazendo aí por BH, hein?

Anônimo disse...

Acho que essa foi escrita pelo Wilson, o Félix plagiou ele... Muito boa mesmo!

Flavia disse...

Vou tomar cuidado com as roupas que uso perto de você...
hahahaha
Muito bom o texto!