24/11/07
Deitada ao seu lado na cama, ela o observava demoradamente. Seu corpo forte e definido lembrava-lhe aquele dia na praia. Ela havia se mudado do interior, fascinada com a areia, as rochas e o mar. Não pôde resistir a colocar os pés na água. A batida das ondas e a espuma salgada a encantaram de tal modo que ela só percebeu onde estava quando os pés já não encontravam apoio e os braços se agitavam em pânico. Então, apenas lembrava de estar deitada na areia, com lábios quentes tocando os seus. Quando abriu os olhos, o rosto preocupado que a olhava quase a fez perder a respiração novamente. Ergueu-se, sem jeito, e pediu tímidas desculpas pelo seu descuido. Afinal, era a primeira vez que ela tinha nadado.
Dali em diante, os capítulos da história se desenrolaram em rápida sucessão. Daquela primeira conversa sob o guarda-sol, adveio a troca de telefones. Do primeiro telefonema, o primeiro encontro, junto a alguns amigos. No segundo encontro, a dois, um beijo suave no fim da noite. Em pouco tempo, a entrega total, o compromisso firmado, a mudança e a compra da cama de casal onde agora repousavam. Ela vivia cada dia como se fosse único, respirava aquele relacionamento a todo instante, e nada podia tirar-lhe o sorriso quando estava com ele. Afinal, era a primeira vez que ela tinha amado.
Uma lágrima desceu do seu rosto quando ela lembrou daquele outro dia, quando visitou-o de surpresa no trabalho. Jamais saiu de sua memória aquela cena, quando, paralisada, olhava os dois agarrados sobre a mesa, ele tentando balbuciar alguma desculpa ininteligível para sua mente entorpecida. Ela saiu às pressas, caminhando para lugar nenhum, chorando as lágrimas que não havia derramando em todos aqueles tempos de felicidade. Mais tarde se encontraram, e ele implorou para que ela voltasse. Disse ser um idiota. Falou que a amava. Abraçou-a com força e desabou em fragilidade, ao pedir seu perdão e jurar que jamais faria ela chorar novamente. Falou que sua vida a dois valia mais que um erro isolado, por mais idiota que fosse. Afinal, era a primeira vez que ele tinha errado.
A pesada lágrima logo secou, pois foi a única. Ela balançou a cabeça e repetiu para si mesma que não valia mais a pena resgatar tais lembranças. Acariciou seu robusto ombro, com um leve sorriso. Levantou-se da cama, indo para o banheiro. Lavou as mãos demoradamente e pôs-se a pensar no que fazer em seguida. Havia diversas formas de se livrar dele, mas muitos problemas poderiam surgir, portanto ela tinha que calcular cautelosamente os seus passos para não cometer um erro. Afinal, era a primeira vez que ela tinha matado...
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
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7 comentários:
nossa senhora! acho que a palavra é "chocante"...
hahahahaah eu sabia que aqueles primeiros paragrafos não podiam ser um texto de Félix Rosumek ;)
ah, félix! quer dizer que textos românticos de sua pessoa não posso esperar é? hahaha muito sinistro!
Confesso que esse final surpreendente me fez lembrar de quando li "O Dia do Chacal" e o 'chacal' erra o tiro no General De Gaule quando este espontaneamente dá um beijo em um soldado...
Só que aqui não teve beijo e o cara morreu.
Me pegou completamente desprevinido!!
Excelente o final!
eeeii, eu escrevo coisas românticas também. mas é tãããão legal quando alguém morre no final... :P
Muito bom... realmente!
Parabéns Félix, dê lembranças ao Wilson!
:D
o amor é lindo...
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