quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
O entrincheirado
Entrincheirado, Vladimir mordia seus próprios lábios enquanto combatia os exércitos da Tríplice Aliança. Urros e dor eram uma constante ao seu redor e ele já não aguentava mais aquilo. “Esta guerra não termina nunca”. No front desde 1914, o jovem não suportava mais a distância daquilo que um dia ele pôde chamar de família. Não conseguia lembrar do cheiro ou sequer das vozes de seus entes. Sobravam-lhe tão somente semblantes, levemente distorcidos pela ausência trôpega. “Malditos sejam os Senhores das Guerras”, bradava, internamente, no silêncio de seus próprios devaneios. Esperava ouvir, lá no fundo, uma voz reverberante, um eco que pudesse concordar com aquilo que ele julgava ser o mais importante de todos os seus pensamentos àquela altura dos fatos. Afastado da frente por um breve período, Vladimir não viu seus companheiros de exército abandonarem as armas. Não acreditou muito quando soube da queda do Czar Nicolau II e da criação do Governo Provisório. Mas foi quando viu Petrogrado sendo cercada pelos bolcheviques que ele teve a primeira certeza em anos. “Desta vez não volto mais para as trincheiras”.
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2 comentários:
gostei do olhar, diferente dos outros. A revolução bolchevique na retaguarda do exército russo foi quase uma guerra à margem da guerra. dessa vez a visão do soldado teve uma visão diferente. interessante.
não sei, pra mim teve mais informação do que história.
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