quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Dama de preto

Thiago Floriano
22 de novembro de 2007

Ela veio para cima de mim sem o mínimo pudor. Admito que estava assustado, afinal, era minha primeira vez. As vestes pretas davam a ela um ar imponente e isso me intimidava muito, não era toda hora que uma situação dessas acontecia com um garoto tímido de 17 anos.

Terminado o pesadelo da aproximação inicial, começou a me envolver com sua nítida experiência. Fui ficando tranqüilo, aos poucos. Era uma sensação incrível. Sentia como se meu corpo não pertencesse a mim. Como se meus sentidos se confundissem. Como se mergulhasse num sonho.

Desde pequeno tentara imaginar como seria essa hora marcante, esse momento que, de tão esperado, parecia infinitamente distante. Ouvi alguns breves gemidos, que julgava ter eu mesmo emitido. Foi aí que o líquido mais precioso começou a jorrar de meu corpo. Ela parecia satisfeita. Era como se tivesse vencido uma guerra particular.

Dali em diante, lembro de pouca coisa. Devo ter perdido, de fato, os sentidos. Até que vi ao meu redor algumas flores, uma foto e, se não me falha a memória, alguns pares de olhos enrubescidos e lacrimejantes.

11 comentários:

Anônimo disse...

Não consegui captar a essência do final.. existiu algo nas entrelinhas que não percebi ou ele simplesmente olhou pro lado e se viu no quarto da dama de preto com ela desfrutando o pós-orgasmo?

Anônimo disse...

Posso ter interpretado de forma bem confusa, mas pelo que entendi... ele morreu!
E a dama de preto nada mais é do que a própria morte...
Será?!

Anônimo disse...

Pode ser mesmo... é que o fato do garoto comentar que era a sua primeira vez (afinal quem morre duas? hehehehe) e que desde pequeno imaginara este momento fui direto no óbvio!
Mas o conto é sutil o suficiente para me fazer refletir e me deixar na dúvida..
A dama de preto é a morte que vence a batalha e lhe rouba o precioso líquido vermelho...

O que me deixa a lição... se uma pessoa recebe o prêmio Franklin Cascaes de Literatura, não é por escrever coisas óbvias!

Félix disse...

realmente, é a morte. li duas vezes para sacar bem isso. bem sutil e bem arquitetado...

Anônimo disse...

Félix, você não pode ler os textos dos outros antes de publicar o seu... hehehehehe!

Rodrigo Oliveira disse...

fiodaputa! Ficou bom bagarai. Clap, clap, clap, como diz uma de nossas estimadas (e raras ehehe)leitoras. Abraço! (pra quem lê e pra quem escreve)

Fábio Ricardo disse...

Que merda. Odeio quando eu tenho que ler um texto duas vezes para ter certeza daquilo que vi. Obra de arte, sem dúvidas. Essa dupla interpretação marcou fundo, não deu margem pra certezas. Tudo é entrelinhas, do começo ao fim. Quem quiser literatura fácil que vá ler Paulo Coelho!

Anônimo disse...

Ótimo. Vale pela idéia e por ser sugestivo. Apenas, gosto meu, poderias desenvolver mais, deixar ainda mais entrelinhas. Não sei se por uma certa cronologia ou pelo título, a morte fica mais evidente, mesmo que não seja tua intenção ressaltá-la.

E, comentário de leitor: as temáticas e os textos, principalmente, estão muito centradas em sexo, pelo que tenho visto. Talvez seja a idade e os hormônios mesmos, hehe. Mas digo como sugestão para que diversifiquem um pouco. É que histórias de sexo (de ficção e não-ficção) tem aos montes na web. Parece que fica meio batido, meio adolescente, meio senso-comum, sei lá.

Abraços
Rogério K.

Thiago Floriano disse...

Rogério,
interessante seu comentário. Pensei a mesma coisa quando comecei a escrever o texto. Em relação às temáticas sexuais. Na verdade, penso que os temas não foram escolhidos por esse motivo, mas para desafiar os escritores que, pelo que sei, não costumam escrever sobre isso. Abraço.

Marina Melz disse...

eu gostei muito! subliminaridade é bom demais. que tal escrever um livro assim, thiago foriano?

Unknown disse...

muito bom, muito bom.

velório?


abraço