sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Uma piada de noite

Marina Melz
16 de novembro de 2007

João Alberto era um cara totalmente high society. Solteiro há três anos, um divórcio digno da capa de Caras, 300 milhas mais pobre por causa da ex-mulher – aquela que já não dava a ele um prazer digno há anos por achar que sexo sujava seu corpo totalmente coberto de cremes dos mais variados tipos. Se preparava para mais uma insuportável festa com tapete vermelho. Olhou-se pela última vez no espelho. O smoking estava impecável. Ensaiou um sorriso falso.

Regada a champagne, caviar e um blues insuportavelmente alto a festa estava um saco. Conversando sobre os negócios da multinacional que dirigia com um bando de homens velhos e totalmente gagás. Resolve dar uma volta para livrar-se daquele papo sem nexo e do cheiro de charuto cubano.

Em sua direção, um par de peitos cobertos por um vestido vermelho. Não, não. Não podia ser verdade. Eles vinham mesmo em sua direção. A mulher, cujo rosto pouco importava, usava um longo que acentuava a silhueta perfeitamente curvilínea chegou como um furação e ele teve que disfarçar uma quase ereção. “Segura aí, parceiro”.

- Boa noite, jovem senhor.

- Uma belíssima noite, caríssima – respondeu João Alberto, com as pernas bambas e a certeza que aquela noite certamente prometia.

Depois de beijá-la na mão, João Alberto – que já havia perdido a conta de há quantos anos não era chamado de jovem – convidou-a a para um wisky. Conversaram durante a noite, embora ele não lembre de absolutamente nada do que ela tinha falado. Vagamente, passava por sua memória algumas palavras. Aquele delicioso vão entre seus peitos era um convite muito mais apetitoso do que qualquer assunto.

Resolveram estender a noite por uma proposta dela porque ele, ah, quem disse que ele conseguia pensar em alguma coisa? Embarcaram no carro importado dele, ela abaixou a cabeça temendo que alguns dos insuportáveis jornalistas sociais conseguisse os flagrar juntos.

Na portaria do motel, ele quase não conseguia controlar sua excitação. Escolheu o quarto. Exigia que aquele desjejum tivesse direito a cama redonda, espelho no teto e tudo mais. Sentia-se com 18 anos. Ela pegou uma das mãos que estava no volante, colocou sobre o peito direito. Ele quase bateu o carro. Riram um riso nervoso.

Subiram a escada do quarto amassando-se como se essa fosse a última noite de suas vidas. Ele jogou-a a cama. Já totalmente ereto, dispensou demais preliminares já temendo que uma ejaculação acontecesse antes mesmo de invadir o corpo dela.

Ao tirar a parte de cima do vestido, mal podia esperar para ver aqueles peitos nus. Teve a primeira surpresa. Uma espécie de sutiã colado ao corpo dava um aspecto estranho aos tão esperados. Ela riu, sem jeito. “Sabe como é, né? Alguma coisa tem que segurar”. Mal podia acreditar. Esforçou-se para se manter concentrado. Teve medo de puxar aquilo e ouvir um grito de dor. Ele percebeu e tirou o tal sutiã especial, que mais parecia uma gelatina nojenta.

Os tais peitos perderam totalmente o sentido, mas agora era tarde. Resolveu tirar o resto do vestido esperando encontrar o belo par de pernas que estava amostra apenas até o joelho. “Calma aí, amigão, teremos surpresas aqui”. Realmente. E não das melhores. Ao invés de uma sexy lingerie vermelha – ah, como ele adorava esses caprichos femininos – uma espécie de bermuda, que apertava sua pele e definia suas curvas.

Ele respirou fundo, foi até o final. Foram 15 minutos afinal de contas. “Chegamos ao ponto chato de não ter que pagar por isso, paciência”. Era batata. Elas sempre deitavam-se no seu peito esperando por um afago. Antes que ela pudesse sentir um real carinho, ele pegou no sono.

Pela primeira vez na vida, João Alberto sentiu-se um cara normal. Havia sonhado com os tais peitos empinados, com sua quase ejaculação antes mesmo de comer aquela mulher. Acordou, olhou para a fronha totalmente pintada ao lado. Pensou ter dormido com o Bozo. Gargalhou sozinho. Pelo menos não pagou pra descobrir o que havia embaixo do decote vermelho.

4 comentários:

Anônimo disse...

muito bom! eis o que mulheres fazem pela beleza...

Mona lisa Budel disse...

hahahah !!!

o sutiã gelatinoso é nojento mesmo !!!


Boa Marina ...

Rodrigo Oliveira disse...

muito bom. o pensou ter dormido com o bozo fechou com chave de ouro.

Fábio Ricardo disse...

pensou ter dormido com o bozo pq, acordou gozado?
hahahahaha

tah bom tah bom, eu sei que foi fraca, mas nao pude perder a oportunidade...