Ela sangra. A ponta da lança se projeta entre as costelas rochosas. Por fora a montanha imponente disfarça a ferida, mas por dentro a caverna sangra. Num gotejar constante, incessante, eterno. Uma chaga que nunca cicatriza, uma lança que nunca se vai. O gemido ecoa pelas entranhas há tanto tempo que ela nem se lembra de quanto. Nem desde quando a lança está lá. Que títere a sustenta?
O ferimento engana. Parece controlado àqueles que vêem de relance. Mas ela sabe que gota a gota, dia a dia, durante milênios, a lança se crava mais profunda, com a ponta atravessando a garganta que geme baixinho, inaudita, sob o aspecto imponente da montanha.
sábado, 26 de janeiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário