Félix B. Rosumek
11/01/04
Infinito oceano, derrama-se lânguido no horizonte
Lambe as costas arenosas onde vagam os amantes
Embalando-os aos suaves murmúrios incessantes
Intercalados pelos brados de ondas que explodem
Sob sua tutela amores nasceram e morreram
Às águas misturaram-se o sangue e as lágrimas
Fossem de alegria, fossem máculas amargas
Todas procuraram ali por suas vagas respostas
Quando? Será? Nunca? ‑ Ou por quê?
Resposta declarada em versos sussurrantes...
Hipnotiza aquele que se detém a fitá-lo
Para de antigas mágoas relembrá-lo
Imenso, assustador, sombrio, encantador
À luz da Lua e das estrelas, ele sente toda dor
Silencioso e impassível, ouve os pedidos
Blasfêmias e agradecimentos, desabafos, desatinos
Quantas foram as vezes em que serviu de consolo
A pobres almas com corações despedaçados?
Poderia alguém lembrar de todas as confissões?
Infernos e Édens, dúvidas e declarações...
(à planície de águas eles lançaram suas indagações
para no sibilar do vento imaginarem as soluções)
De dia emana alegria, na noite pura melancolia
Com espírito inumano contempla a nós, mortais
Com nossas perguntas e misérias, tolos vacilantes
Nosso futuro e objetivo, o destino em nossas mentes
Vivendo para o supra-sumo do êxtase e da dor
O maldito, corrosivo e divino fogo do amor
Buscando o prazer em loucuras apaixonadas
Encarando o Monstro que nos prende em suas garras
Alegria e sofrimento, amor e morte de mãos dadas
A beleza doentia das paixões amaldiçoadas
Tantas almas nos mares imortais do mundo
Encontraram seu destino, à tona ou no fundo
Importaria-se ele de fazer outro favor à raça
E tomar pela mão mais uma criatura em desgraça?
Com passos indecisos, avançaria à linha distante
Pois ali a inevitável paz chegaria finalmente
Cobriria o corpo e engoliria as torturas
E que o mundo o esquecesse sob as águas obscuras
O fim de mais um drama, só mais um humano
Tragado pela imensidão do silencioso oceano...
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