segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Negro Oceano

Félix B. Rosumek

11/01/04


Infinito oceano, derrama-se lânguido no horizonte

Lambe as costas arenosas onde vagam os amantes

Embalando-os aos suaves murmúrios incessantes

Intercalados pelos brados de ondas que explodem

Sob sua tutela amores nasceram e morreram

Às águas misturaram-se o sangue e as lágrimas

Fossem de alegria, fossem máculas amargas

Todas procuraram ali por suas vagas respostas

Quando? Será? Nunca? ‑ Ou por quê?

Resposta declarada em versos sussurrantes...


Hipnotiza aquele que se detém a fitá-lo

Para de antigas mágoas relembrá-lo

Imenso, assustador, sombrio, encantador

À luz da Lua e das estrelas, ele sente toda dor

Silencioso e impassível, ouve os pedidos

Blasfêmias e agradecimentos, desabafos, desatinos

Quantas foram as vezes em que serviu de consolo

A pobres almas com corações despedaçados?

Poderia alguém lembrar de todas as confissões?

Infernos e Édens, dúvidas e declarações...


(à planície de águas eles lançaram suas indagações

para no sibilar do vento imaginarem as soluções)


De dia emana alegria, na noite pura melancolia

Com espírito inumano contempla a nós, mortais

Com nossas perguntas e misérias, tolos vacilantes

Nosso futuro e objetivo, o destino em nossas mentes

Vivendo para o supra-sumo do êxtase e da dor

O maldito, corrosivo e divino fogo do amor

Buscando o prazer em loucuras apaixonadas

Encarando o Monstro que nos prende em suas garras

Alegria e sofrimento, amor e morte de mãos dadas

A beleza doentia das paixões amaldiçoadas



Tantas almas nos mares imortais do mundo

Encontraram seu destino, à tona ou no fundo

Importaria-se ele de fazer outro favor à raça

E tomar pela mão mais uma criatura em desgraça?

Com passos indecisos, avançaria à linha distante

Pois ali a inevitável paz chegaria finalmente

Cobriria o corpo e engoliria as torturas

E que o mundo o esquecesse sob as águas obscuras

O fim de mais um drama, só mais um humano

Tragado pela imensidão do silencioso oceano...

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