Fábio Ricardo
15/03/08
Os olhos abertos fitavam o céu sem se prender a uma nuvem em especial. As gaivotas temiam em se aproximar, mas já pousavam cada vez mais perto, acostumadas com sua presença. Os braços abertos recebiam as primeiras rajadas do sol que aquecia sua pele naquela manhã úmida e fria. Ele estava lá, deitado, os braços esticados na areia, uma perna dobrada para o lado e o cabelo ainda molhado do último mergulho na água do mar. As roupas estavam encharcadas, mas ele não se preocupava com isso. Não se preocupava com nada, apenas ficava lá, largado na areia da praia sentindo a brisa que vinha do mar se abrigar em seu corpo. Não se preocupava com o tempo, não se preocupava com sua semi-nudez, não se preocupava com o que os outros poderiam pensar dele, ali, deitado na areia da praia às seis horas da manhã. Poderiam pensar que era um vagabundo, um bêbado, qualquer coisa. Para ele, isso não importava mais. Ele sequer piscava. A primeira pessoa a caminhar pela areia naquela manhã gelada o viu já à distância. Fez todos aqueles pré-julgamentos que poderiam ser feitos. Podia ser um bêbado, um drogado, um mendigo. Apenas quando se aproximou mais, notou que não era nada disso. Era um homem comum. Um trabalhador, um senhor de meia idade, que adorava pescar, nadar e ler o jornal todos os dias de manhã. A pessoa viu que ao contrário de seus pré-julgamentos, ele não estava bêbado, não estava drogado. A pessoa gritou e correu assustada em direção à avenida, quando viu que ele estava simplesmente morto.
sábado, 15 de março de 2008
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2 comentários:
Se fosse o Félix as gaivotas iam acabar comendo ele. urgh! E só pra constar: cada vez q vejo o blog tá aparecendo com a visualização de alguma fonte diferente. Vai saber.
Fábio, parabéns...desenvolvimento perfeito do tema.Bjs
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