06/jun/2008
Há anos lutava por uma oportunidade de demonstrar minhas habilidades. Sempre tive menos coordenação do que a minha irmã, mas tinha consciência de que não poderia me comparar a ela. Precisava, apenas, mostrar meu valor. O problema é que ele me esquecia. Em vários momentos era como se eu nem existisse. Soltar pipa, jogar bola de gude, arremessar a bola. A preferência era toda dela.
Eu ficava lá, observando toda a emoção da vida dela, esperando que um dia minha vida também tivesse uma certa agitação. Minha primeira satisfação veio com o curso de datilografia. Pra mim, aquele novo desafio era a glória. Terminado o curso, já me sentia muito melhor. Era como se a vida agora fosse ativa, como se não precisasse mais ficar só na observação.
O tempo foi passando e comecei a ficar descontente por ter parado meu desenvolvimento só na digitação. Precisava de novos desafios e, enfim ele parece ter me ouvido. Minha existência se preencheu de alegria logo na primeira nota. Precisei me esforçar muito. Fazer pestanas não era das tarefas mais fáceis, mas o violão parecia ser a minha salvação.
Até que um belo dia, ele resolveu jogar futebol com uns amigos na praia. Um dos jogadores veio correndo para roubar a bola e acertou suas pernas. Ele voou e minha irmã, no reflexo, se lançou à frente para não deixar que se machucasse. Ela se quebrou. Precisou ficar engessada e eu comecei a assumir todas suas atividades. Quero meu sossego de volta!
Um comentário:
meh! isso q é coincidência!
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