segunda-feira, 7 de julho de 2008

As aventuras de uma formiga-homem

Thiago Floriano
06/jul/2008

Ele nasceu num formigueiro comum e foi batizado Homero Antunes. Era uma formiga que passava despercebida por onde quer que caminhasse. Não era o mais forte entre seus irmãos, nem o mais rápido, nem mesmo o mais esperto. Mas foi num domingo à tarde que a sua sorte mudou.

Uma família de humanos chegou para fazer um piquenique no parque onde o formigueiro de Homero estava abrigado. Um filhote de humano, também conhecido como criança, colocou os pés sobre uma parte do formigueiro. Para situações como estas, formigas como Antunes eram bravamente treinadas. A orientação era atacar. Atacar! Atacar! Atacar!

Naquele momento, Homero estava sozinho e não hesitou em cumprir sua obrigação. Atacou prontamente o pé da criaturinha, que saiu aos prantos em direção à sua mãe. No outro dia, pela manhã, Homero se sentia estranho. Percebeu uma leve mudança em seu corpo.

Na verdade, ele adquiriu poderes humanos e tinha tudo para ser o super-herói dos formigueiros. O Formiga-Homem! Achou um nome interessante. Levantou-se em posição ereta, equilibrando-se em apenas duas patas. As patas livres tinham desenvolvido a característica fundamental dos humanos: o polegar opositor. Sim! Homero agora tinha mãos e a capacidade de manusear objetos com precisão, só não entendia qual a vantagem disso.

Em sua pequena cabeça não havia espaço para um encéfalo altamente desenvolvido, sendo então uma característica que não herdou em sua mutação. Aos poucos, Homero começava a ser descriminado por suas grandes habilidades. Ninguém naquele formigueiro precisava de um bípede que manuseasse objetos. Precisavam de alguém que seguisse os outros, dia após dia, carregando alimentos para o formigueiro.

Ele não entendia porque não aproveitavam suas novas habilidades para algo mais útil ou inovador, mas a sociedade já estava profundamente adaptada às habilidades de uma formiga comum. Homero se sentia triste, passara de uma formiga comum a uma super-formiga, mas não podia exercer seu poder sobre as outras. Ele definitivamente estava ficando mais humano do que imaginara.

7 comentários:

Thiago Floriano disse...

peço desculpas pelo pequeno atraso, mas tive problemas para publicar o texto ontem à noite. Abraços!

Medéia (Carlena) disse...

Gostei da idéia, mas queria ter visto mais poderes "humanos" na formiga-homem...
Coisas ridículas para formigas mas que sejam importantes ao Homem (talvez dançar o Créu.. AHAHAHAH).

Vivi disse...

Ah, o texto está muito bom! Gostei da idéia, das metáforas, do encadeamento do texto, da frase final e do Homero.

Abraços

Anônimo disse...

gostei disso aí. afinal de contas, o que somos nós, humanos, senão seres ultrapoderosos que não sabemos fazer bom uso destas nossas habilidades?

Félix disse...

ou podemos ver por outro lado: as formigas precisam de uma formiga superpoderosa? sua sociedade funciona muito bem do jeito que é, com todas quase iguais. com certeza se a história fosse para frente, o homem formiga ia virar um ditador ou qualquer coisa do tipo e tocar o terror noi formigueiro...

disse...

Uma formiga mutante não aceita em seu meio. Texto interessante e bem imaginativo. Aborda temas que nos são comuns em uma sociedade que insiste em amoldar as pessoas em padrões pré-estabelecidos.
Valeu, Thiago!

Rodrigo Oliveira disse...

Curti o texto. Acabei votando no Fábio mais pela construção, mas a sua idéia e abordagem pra mim foram campeãs. Acho q com uma construção do texto propriamente dito um pouco mais trabalhada já teria o meu voto de cara. Pra falar a verdade, de qq forma até agora nao sei se o meu voto nao foi injusto.