terça-feira, 16 de junho de 2009
Comparações
A trezentos metros do solo a cidade parece uma maquete. Constatação simples e fácil de ser verificada, mas era só o que ele conseguia pensar quando o avião decolou. Na altitude do voo as nuvens parecem algodão-doce. Meu deus, como seus pensamentos eram previsíveis. Ele se esticava por cima do passageiro ao seu lado a fim de tentar fazer fotos do céu. O “vizinho”, constrangido e angustiado com a situação, ofereceu-se para fazer as fotos, mas recebeu uma recusa verbal. A seiscentos metros do solo, uma mancha de óleo no oceano parece chocolate meio-amargo. Por essa formulação ninguém esperava, nem ele. A quinhentos metros de altitude, o chacoalhar do avião lembra uma batedeira, o balançar das asas lembra uma bandeira chicoteando o ar e o desespero das pessoas lembra os filmes “lado B” da indústria cinematográfica. A trezendos metros de altitude a descompressão da cabine lembra a explosão de uma bomba caseira. A duzendos metros do mar as máscaras de oxigênio caindo sobre as cabeças dos passageiros lembram forcas. A dez metros de profundidade nada mais lembra, nada. Quem sabe uma hora dessas as manchas de óleo pareçam chocolate meio-amargo, de novo.
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4 comentários:
Tá aí. Curti. Não sei se o tema tenha sido seguido a risca, mas curti as comparações, o estilo
sinistro vc.
Tá no tema de forma subentendida, ao meu ver. Gostei muito.
Foi uma boa idéia e o tema apareceu ali, sim.
Uma dúvida quanto aos acontecimentos e altitutes, visse em algum lugar essas relações? Aviões voam a vários quilõmetros de altura, rolava verificar isso para aumentar a verossimilhança.
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