sexta-feira, 16 de maio de 2008

Diáspora

Escrever um conto que não se passe na Terra... Só podia ser coisa dele mesmo. Deve ter feito de propósito. Tá certo, tudo bem, todos os meus contos têm mesmo se passado na Terra. Podia mesmo dar uma variada.

Mas em que outro lugar eu teria um céu tão azul, que perto do fim da tarde cora de vergonha das estrelas. Esse nosso céu não tem essa humildade. É sempre escuro e taciturno, constante e imutável mesmo frente à luz das estrelas. E em que outro lugar, senão na Terra, o vento sopra daquele jeito. Aqui não há vento. Só o ar estático, reciclado, regurgitado por uma abertura de metal.

Se escrevo sempre contos que se passam na Terra, é porque lá todos os contos ficam mais interessantes, mais vivos, mais coloridos. E desde que estamos aqui, tudo é tão cinza... Então, se de dentro de um cubículo de metal, encerrado no meio do nada, cercado sempre pelas mesmas e poucas pessoas eu puder voltar e rever, mesmo que nas letras, aquela paisagem e aquelas pessoas, que seja assim.

Mas ele tem razão. Deve mesmo ser bom dar uma variada. Afinal são as regras do jogo. Além do mais tenho que começar logo esse texto pra apresentar na próxima rodada. Já to atrasado. Mas ainda assim prefiro os contos na Terra. É uma pena o que fizemos com ela.

Enfim, há um conto a se fazer. Mãos à obra.

Um comentário:

Anônimo disse...

issae! Desde que assisti "Os Esquecidos", acho que os contos na Terra (e só com pessoas da terra) são mais garantidos, hehe