terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

PECADO EM CENA

Thiago Floriano
05/fev/2008

Personagens do drama

RENATO

FABIANA: esposa de Renato

GILBERTO: chefe de Renato

ALBERTINA: mãe de Renato

GERALDO: pai de Renato

LADRÃO

CENA I
Uma rua qualquer
Entra Renato caminhando. E o ladrão em sua direção.

RENATO – Alto. Quem vem lá?

LADRÃO – Isto é um assalto. Passes todo teu dinheiro ou sabes bem o que virá!

RENATO – Mas sou homem de bem. Todo troco que possuo, levo para sustento próprio ou de outrem.

(O ladrão bate com o cabo da pistola na cabeça de Renato, que cai imediatamente).

[coro]
Pecado! Pecado! Óh, pobre e ensanguentado!

CENA II
Casa de Renato
Entram Renato e Fabiana

FABIANA – Como perdestes nosso precioso dinheiro?

RENATO – Por ladrão fui abordado. Além de um corte na cabeça, foi-se o bolso por inteiro.

FABIANA – Não passas de um belo covarde. Reação não tivesses e nem por socorro fizestes alarde.

[coro]
Pecado! Pecado! Agora triste e magoado!

CENA III
Outra rua qualquer
Entra Renato sozinho

(Ecoa o som de um acidente automotivo)

RENATO – Pai do céu, que infortúnio. Ao trabalho devo seguir, mas perco rua e paciência. Se sigo correndo, me esvaio em suor. Se espero, atraso o turno.

[coro]
Pecado! Pecado! No emprego atrasado!

CENA IV
Escritório
Entram Renato e Gilberto

GILBERTO – Ora, ora! A que devemos tal demora?

RENATO – Desculpas peço pelo atraso, pois contratempos me mantinham porta a fora.

GILBERTO – Se para falar não perdes tempo, tampouco deverias perdê-lo para o emprego. Tires logo a preguiça do corpo e trates de valer teu provento!

[coro]
Pecado! Pecado! Incompreendido e maltratado!

CENA V
Casa dos pais
Entram Renato e Albertina

RENATO – Acabo de contar-te de minha má sorte. Não compadeceis de meu sofrimento?

ALBERTINA – Não percebes o quão maçante é escutar o teu lamento!

(entra Geraldo)

GERALDO – Que estais a aborrecer tua mãe com teus fracassos e lamúrias? Vá te embora desta casa, ó, frágil e angustiado rebento.

[coro]
Pecado! Pecado! Pela família, renegado!

CENA VI
Casa de Pedro
Entram Renato e Pedro

PEDRO – Alto! Quem vem lá?

RENATO – É Renato, teu amigo. Prometo não tomar muito de teu tempo.

PEDRO – Entre logo e te acomodes. Digas logo o que te aflige. De onde vem teu desalento?

RENATO – Passo por má hora. Preciso de ti pequeno saldo. Na próxima lua, hei de devolver-te.

PEDRO – Como ousas mendigar assim a um amigo. Não me privo de minhas benesses para desfazer tuas mazelas. Agora tomes rumo, ou perdes tempo. E não me apraz discutir contigo.

[coro]
Pecado! Pecado! Pelo amigo, condenado!

CENA VII
Cemitério
Entra Renato sozinho

RENATO – Que fiz eu para merecer tanto penar? Assaltado, magoado, atrasado, maltratado, renegado e condenado. Por quê? Já me vejo em desatinos e considero fuga eterna. Se amanhã não me vereis, não adianta lamentares. Fiz o certo e fui julgado. Resta, talvez, morrer.

[coro]
Pecado! Pecado! Aqui jaz, morto e enterrado.

(fecha-se a cortina ao som de marcha fúnebre)

Um comentário:

Fábio Ricardo disse...

clap clap clap! O coro foi a cereja do bolo.