Quando ela saiu, ele arrumou os apetrechos deixados sobre a mesa. Limpou a máquina, retirou a agulha e recolheu os pedaços de gaze ainda úmidos de sangue. Foi até a porta de vidro e trancou-a, fechando as cortinas por detrás, sem esperar por mais clientes durante a tarde. De volta ao estúdio, Denis pegou a máquina fotográfica, discretamente apoiada ao lado do grande espelho. Deixava suas mãos tremerem visivelmente agora: fazia muito tempo...
Apagou a luz e foi para trás da cortina, onde apenas a tela de um laptop brilhava sobre uma mesinha. Encaixou os fios e deixou os dados fluírem entre as máquinas. Sentado no escuro, ele aguardava, enquanto encostava as gazes no rosto e aspirava o aroma do sangue coagulado. Tendo baixado o que queria, deixou o vídeo rodar várias vezes. Ali estava ele, acariciando suas coxas disfarçadamente enquanto trabalhava, observando sua deliciosa beleza juvenil enquanto ela se contorcia para enxergar seu trabalho. Ele tentava trabalhar o mais próximo possível, mas sem constranger a garota. Mesmo sob a máscara, sentia o cheiro forte de sua fertilidade, tão próxima, tão ao alcance... Ah, se não fosse pelas malditas luvas...
Masturbou-se violentamente, várias vezes, enquanto observava o vídeo. Ela tentava fitar o espelho e, quando o fazia, era quase como se estivesse olhando nos olhos da câmera. Olhos que, naquele momento, eram os seus. Sim, ele a teria... Em algum momento ela seria sua... Ele não sabia quando, nem como, mas em alguma de suas visitas ele fecharia as cortinas da porta de vidro e aquela alva pele seria o palco para outras artes.
Talvez ela se oferecesse abertamente, pois não era seu pêlo que se eriçava quando era tocada? Não percebia ele a rigidez dos bicos de seus seios por baixo das roupas? Mas Denis poderia obter o que queria por outros meios. Se ela fazia desenhos invisíveis, era porque os pais eram rígidos, e ele poderia fazer chantagem... Ou talvez tivesse que usar a força?.. Ele tentava espantar esses pensamentos perversos, mas tremia de pavor e excitação ao fantasiar a cena. Ainda tinha muito medo das conseqüências, mas uma hora ele mandaria tudo ao inferno. E então a teria... Ah, sim! Ele tornaria seu desejo visível e a teria, toda só para si...
segunda-feira, 27 de abril de 2009
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4 comentários:
achei muito boa essa história da perversão do tatuador... mérito pra cabeça permanentemente embriagada do félix. hahahahaha
Eu tinha pensado em fazer uma continuação "sensu stricto", imitando até o estilo de escrita do conto original. Mas estava faltando a idéia e, quando surgiu essa idéia, não dava para mantê-la no mesmo clima.
Eu ficaria curioso para saber do Rodrigo se ele tinha alguma expectativa sobre o tema ou era para largar livre mesmo.
expectativa eu não criei nenhuma em relação aos textos de vcs, mas é claro que, tendo criado o primeiro conto, algumas coisas eram esperadas. Tipo, vc captou a vibração/tensão erótica que eu tentei aplicar ao primeiro conto. Mas ao seu tatuador é evidentemente diferente do meu (no meu ponto de vista). O fábio acho q retratou ele melhor na linha do eu estava imaginando. e o Floriano melhor ainda. E ainda capturou mto bem a Mica e especialmente a relação dos dois (mesmo depois de mto tempo). Q fosse rolar algo mais sexual eu até esperava (por aquela 'tensão') mas a relação dos personagens acho q era outra.
cara, gostaria ainda mais se não tivesse o último parágrafo, terminasse sem a parte racional, soh com o desejo mesmo.
mas ficou muito, muito bom!
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