Manifestantes em Caracas entraram em confronto nesta semana com a polícia local, durante o Encontro Sulamericano de Nações. O motivo seria um movimento pelo fim do embargo de Washington, que já dura desde o regime chavista. A proposta apresentada nesta semana por uma sociedade civil venezuelana, propunha o fim gradual do bloqueio comercial, como feito com o bloqueio que vigorou sobre Cuba durante o primeiro regime castrista. A proposta repercutiu em todo o mundo ganhando apoio por parte da União Européia e do Mercosul. O ministro de Relações Exteriores ressaltou que o apoio à proposta é um dever de qualquer nação sul americana “Especialmente no mês em que comemoramos os cinco anos do Peso Real”, reforçou o ministro em referência à moeda única do Mercosul. Autoridades venezuelanas também buscam apoio na comunidade internacional e exigem o fim do
O som dos manifestantes e os gritos o impediram de terminar o texto. Dentro do café os clientes curiosos se amontoavam nas vitrines e na porta, assistindo de longe a ação policial. Fechou o computador, guardou-o no bolso e pediu a conta à garçonete. Uma venezuelana bonita, de rosto arredondado, olhos um pouco puxados, cabelo escuro amarrado num coque. Ela trouxe o leitor, ele passou o celular em frente ao visor e conferiu o valor debitado. Saiu sem olhar para trás, pensando em um lugar mais tranqüilo para escrever.
Ao sair pela porta viu as pequenas colunas de gás lacrimogêneo, a turba dispersa pela tropa de choque. Seguiu caminho a uma distância segura da confusão até encontrar um táxi. Um modelo meio antigo, ainda movido a gasolina, combustível ainda comum na Venezuela. Incomodou-se quando o motorista deu a partida, desacostumara-se dos motores barulhentos e do cheiro do combustível queimado. O moreno atarracado no volante, já com o carro posto em movimento, olhou pelo retrovisor e perguntou a direção. Ao ouvir a resposta olhou para trás e perguntou: “brasileiro?”.
A jovem correndo rolou por cima do capô, o ombro trincando o vidro enquanto uma placa “abaixo do bloqueio” entrou pelo para-brisas e parou no banco do carona. O motorista freou rápido com o choque e moça foi arremessada no asfalto. Quando o homem virou novamente para o banco traseiro, com olhar assustado, viu apenas a porta aberta e seu passageiro entrando por uma ruela a passos rápidos. Ao virar-se para a frente pôde ver um círculo de manifestantes ao redor da moça estirada no chão, um grupo correndo em direção ao táxi com placas e pedaços de pau e uma garrafa chamejante voando em direção ao vidro já estilhaçado do táxi amassado.
domingo, 5 de abril de 2009
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Um comentário:
Futuro fictício, belo exercício. O que me encanta é a escolha narrativa que deixa transparecer a reflexão sobre possibilidades. Muito bom!
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