Ricardo folheava revistas. “Qual é o signo que me define como pessoa?”, questionava-se. Não encontrava nada até que botou os olhos no tradicional yin-yang. Ainda não era aquilo tudo, mas a ideia podia ser boa, afinal, era do equilíbrio daquela figura que surgiam as mutações. Ele definitivamente gostava do conceito de equilíbrio e não abriria mão de ter uma representação disso em seu próprio corpo. “Todo mundo tem tatuagem hoje em dia, por que não posso ter uma?”
O problema todo era definir o que seria tatuado e em qual parte do corpo. Jamais tatuaria o nome da namorada, como fez um velho amigo, ou dragões, lagartos, índios, como a maioria dos homens que conhecia. Resolveu criar um símbolo próprio. Seria marca registrada dele. A representação dele por ele mesmo. Esboçou vários desenhos abstratos até que se lembrou do yin-yang. “As mutações! Posso ter uma própria”. Rabiscou muito até chegar ao ponto que queria.
“É isso. Simplicidade, estética, significado”. Saiu correndo com o papel em mãos. Parou em frente à Casa do Tatuador, mas ainda não sabia qual seria a parte do corpo mais indicada. Bíceps? Antebraço? Costas? Áreas mais escondidas? Pensou muito até definir que faria a tatuagem no pulso. Seria seu mais novo relógio, para o resto da vida. Mostrou o desenho ao tatuador, sentou-se na cadeira e esperou o momento. “Malditas agulhas”, pensou em voz alta.
E fugiu...
quarta-feira, 15 de abril de 2009
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4 comentários:
Relógio ou não, marcou um tempo.
cacete de agulha!
foi mal, fui obrigado a comentar.
Final florianístico, esse! Gostei da volatilidade do personagem, o "go with the flow".
Final, diferente, mas não consegui sacar se tem uma conexão maior com o resto do texto, além do "efeito-surpresa" (estou meio lerdo hoje mesmo). Assino embaixo o comentário do Rodrigo.
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