Câmera em movimento. Das frestas de madeira da janela, alguns poucos raios de sol conseguem passar. Sem música com piano. Só se houve uma respiração tranqüila. A câmera passeia pelas roupas no chão. Chega à cama. Close nos quatro pés que estão juntos. No centro do colchão, pose clássica: ela deitada no peito dele, com a camisa amassada. Os primeiros botões estão abertos. Ela acorda e, com os olhos pequenos e inchados, olha pra ele com ternura. Acomoda-se e volta a dormir. Fecha.
Tela escura.
- Parece que estou dentro de um livro teu.
- Inevitavelmente você será personagem.
- Todas são?
- Quase.
- Como quase?
- Escolho.
- São muitas?
- Algumas.
- Escolhes como?
- As que são poesia.
- Sou poesia?
- Prosa.
- Como?
- Não sei, não se explica. Só é.
- Então não entro para o rol das heroínas. Não serei título.
- Não. Essas foram as paixões.
- Não foram amor?
- Não existe amor.
- Como não existe amor?
- Assim. Não existe.
- E os livros? E as palavras?
- São paixão.
- E amor?
- O amor é mentira mais sincera, de todas as mentiras que eu digo.
Fecha. No escuro. Não aparece fim. Créditos.
6 comentários:
bom diálogo. cafa pride mode on.
só, isso foi estranho. enveredando por novas vias? Mas com um pézão lá na origem. Gostei da parada cinematográfica. ficou... estranho. =)
roteiro tb vale?
Sempre Marina.
Irresístivel! "O amor é mentira mais sincera, de todas as minhas mentiras"....
Perfeito!
Rápido, rasteiro... e muito bom! Gostei! Como sugestão, poderia buscar uma resposta diferente para substituir o "Assim. Não existe.", que ficou como a única fala fraca do diálogo.
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